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Nosso objetivo é permitir que advogadas negras vivam com dignidade, anuncia Dione Assis

27 de abril de 2023 - 13:42

Por Debora de Lucas, e-mail: debora.lucas@cqsfv.com.br

Para fomentar a Diversidade e Inclusão, o CQS/FV Advogados ofereceu dez bolsas de estudo integrais para a sexta edição do curso online Música, Copyright e Tecnologia, da Escola Música & Negócios. As oportunidades foram direcionadas ao coletivo Black Sisters in Law.

Ygor Valerio, sócio do CQS/FV, lembra que a escolha foi estratégica. “A ideia era levar o Direito do Entretenimento às advogadas negras”, conta. “Elas atuam mais nas áreas de Direito Penal, Família e Trabalhista. Diante disso, precisamos aumentar a representatividade delas nos demais setores jurídicos”, completa.

Em entrevista ao CQSFV.com.br, a advogada e fundadora do Black Sisters in Law Dione Assis repassa a história do coletivo, apresenta as conquistas da inciativa e sonha com um futuro próspero para as integrantes do grupo.

*

CQS/FV Advogados – Como o Black Sisters in Law nasceu?
Dione Assis –
O Black Sisters in Law nasceu a partir de uma solicitação da International Women’s Insolvency & Restructuring Confederation (IWIRC) Brazil, que é uma rede que conecta mulheres que atuam no Direito da Insolvência.

Nesse grupo, sou a única mulher negra. No último congresso anual, em agosto de 2022, palestrei. A partir disso, me pediram indicações de outras advogadas negras.

Fui buscar essas profissionais. Criamos um grupo no WhatsApp, e uma colega foi chamando a outra. No mesmo dia, já éramos 50 advogadas conectadas.

Exponencialmente, fomos crescendo. Hoje, somos mais de 1.200 e estamos em todos os estados do Brasil e em países como Estados Unidos, Cuba, Portugal, Alemanha, França e Espanha.

Advogadas do coletivo Black Sisters in Law durante encontro/Crédito: Acervo Pessoal

CQS/FV Advogados – Qual é o objetivo do coletivo?
Dione Assis –
Nosso objetivo é conectar e impulsionar carreiras jurídicas de mulheres negras. É permitir que elas vivam da advocacia com dignidade.

Fazemos isso via capacitações, dando suporte, estimulando a produção de artigos e livros acadêmicos e organizando encontros voltados ao nosso grupo.

Essas iniciativas deixam as integrantes do BSL mais preparadas. Daí, vamos para o mercado e apresentamos essas profissionais a grandes escritórios.

CQS/FV Advogados – Pode dar um exemplo concreto de uma dessas iniciativas?
Dione Assis –
Sim. Nosso projeto de saúde mental. As advogadas negras escolheram uma área elitista, predominantemente branca e conduzida por homens mais velhos.

Quando elas rompem essa bolha não são bem-recebidas. Por isso, elas precisam estar preparadas para lidar com isso. Já que essa é a área que elas escolheram atuar e não tem volta.

Nesse movimento, identificamos muitas barreiras e muitos conflitos. Por exemplo, não é raro que, quando vão fazer diligências no tribunal, as colegas criminalistas sejam confundidas com rés. Os servidores públicos nem perguntam como podem ajudá-las. Eles presumem que elas são rés e lhes entregam o livro para assinatura da condicional.

Daí, elas têm que explicar que não são rés, que são advogadas dos casos e precisam ver o processo. Se elas não fossem negras, isso não aconteceria.

Tivemos um caso de uma colega que colocou tranças, e foi um problema no tribunal. São atitudes que tentam inviabilizar o exercício da profissão. Isso é muito sério e as atinge profundamente pois elas vivenciam o conflito entre ser quem são e exercer a profissão que escolheram.

CQS/FV Advogados – Qual é o impacto do projeto de saúde mental nas profissionais do coletivo?
Dione Assis –
Ele contribui muito, auxilia as colegas que estão se descobrindo, que estão se conectando com a ancestralidade e que estão entendendo as potências que são.

Cuidar da saúde mental nunca foi uma demanda da comunidade negra. Já que as nossas demandas sempre foram ligadas a questões de sobrevivência.

Inicialmente, saúde mental era uma coisa muito elitizada e, de repente, nos encontramos nesse ambiente, nesse meio e percebemos que também precisamos nos cuidar.

O projeto é patrocinado pela gravadora Universal Music, atende 50 black sisters, tem três meses de duração e acontece semanalmente. Para 2023, prevemos quatro turmas.

CQS/FV Advogados – Além da parceria com o CQS/FV, o BSL já alcançou outros resultados?
Dione Assis
Sim. Já conseguimos vagas – com remuneração de mercado – para advogadas negras em grandes escritórios.

Além disso, o BSL estabelece parcerias que permitem que as colegas do coletivo prestem serviços jurídicos de suas comarcas (a outras firmas) e mantenham as suas próprias bancas de advocacia.

Com isso, possibilitamos essa mobilidade social, essa transferência de renda. Já que esses escritórios estão contratando advogadas que provavelmente não contratariam porque não as conhecem.

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CQS/FV Advogados – Em um futuro próximo, como estará o BSL?
Dione Assis –
Daqui a dois anos, o Black Sisters in Law será o celeiro das primeiras grandes bancas de advocacia presididas e fundadas por mulheres negras.

Advogadas do coletivo Black Sisters in Law durante encontro/Crédito: Acervo Pessoal

Legenda e crédito da imagem do topo: A advogada e fundadora do Black Sisters in Law Dione Assis/Crédito: Acervo pessoal

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